domingo, 18 de setembro de 2011

Overkill ♪



"At some point in your life, you find a use for every useless talent you've ever had. It's like connecting dots when you're stuck in a spiral. You reach up. Just reach up.”(GRINDHOUSE- Planet Terror/Death Proof. Robert Rodriguez/Quentin Tarantino.2007.P.T.:80 min, D.P.: 90 min.Paródia/Terror.Inglês)1


"Chega um ponto na vida em que encontramos utilidade para cada um de nossos talentos inúteis. É que nem ligar pontos quando você está preso em uma espiral. Você alcança. Simplesmente alcança". - dizia a personagem Cherry Darling no filme Planet Terror.
Utilidade eu não encontrei, mas cheguei a mesma conclusão que Cherry: Todo mundo tem mesmo um ~talento natural ~ absolutamente inútil e desnecessário para se orgulhar...
Até eu tenho...
(Tive que pensar por horas para encontrar algo para ser escrito aqui, mas com muito custo achei...)
Ei-los:
Lava-copos : Com efeito, minha mão, que é pequena, me qualifica como ser humano dotado da habilidade genética para lavar recipientes e demais utensílios de cozinha, cuja borda ou o espaço interno seja estreito, de forma categórica e magistral.
Não que isso seja importante...
Sommelier de iogurte: Como há muitos anos eu não almoço nem janto em casa, o iogurte fez/faz parte do meu cardápio. Para não enjoar, a tática é diversificar os iogurtes: um dia bliss, no outro flan, outro dia batavito...as vezes até activia.
Perdi esse hábito há pouco tempo, mas ainda sei opinar sobre muitos iogurtes que estão na prateleira do supermercado e dizer qual combina mais com chee-tos, qual iogurte tem mais “ferro”, etc....
Oleira de papel alumínio: Antes que aqueles papéis-alumínios2 que prestimosamente envolvem bombons sonho de valsa2 (ou ouro branco), culminem sua existência indo para o lixo sem sentir nenhuma glória.. assumi como minha responsabilidade conceder-lhes a alegria de transformarem-se em um resplandente cálice, tal qual faz um oleiro que transforma a argila em objeto de cerâmica (tal qual faz a Demi Moore no filme Ghost ao som de ♪♫ Oooohhh myyyyy looooveee my daaaaarling.... ♪♫) para que aquela humilde embalagem, receba um “ó que bonitinha, hein!” antes de ser vilmente amassada e vá juntar-se as outras sobras e detritos da cozinha.
Mas isto foi antes dos fabricantes mudarem a embalagem e tirarem o papel alumínio.
Intérprete de Power Ranger rosa: com muito treino, esforço e dedicação, eu conquistei o posto de “rosa” na brincadeira de Power Ranger na infância.
Foram muitas tardes treinando na frente da TV para  fazer certo cada um daqueles movimentos de karate kid  e a coreografar o gesto do “é hora de morfar”
Por que ser a Power Ranger rosa nas brincadeiras na infância, era mais concorrido do que concurso do INSS ... todas as meninas aspiravam ao cargo.
E pelo que eu me lembro, eu era muito respeitada pela minha competência como pseudo-dublê de Power Ranger ... tanto que sempre que surgiam aquelas dúvidas operacionais como “quem era mesmo que tinha a adaga de prata ?” Invariavelmente respondiam: “Ah, Eu acho que é o Tommy, mas pra ter certeza pergunta pra Aninha”
Eu era assim, super profissional.
Só mencionei minha habilidade enquanto Power Ranger na categoria talento infantil, mas na verdade, 80% das coisas mais descoladas eu só soube fazer na infância...
Minhas “skills” modernas são chatas (além de, obviamente, desnecessárias)
Tipo: sei fazer perguntas virarem retóricas, usando um sorrisinho pseudo-intelectual para preencher o tempo de espera do interlocutor pela minha resposta. E sei também desviar o foco de assuntos com piadinhas muito ruins, subvertendo a interpretação alheia ...
Mas com isso não consigo nem me inscrever no quadro “se vira nos trinta” do Faustão.
Aliás, com o advento do youtube, chamar qualquer semi-aptidão de ~talento~ é eufemismo. Você ~acha~que sabe fazer bem alguma coisa, até ver o vídeo de alguém que faz melhor.
Por intermédio deste fantástico site de vídeos, posso constatar que qualquer criança da China sabe fazer uns cem tipos diferentes de origami, fazendo parecer minhas pobres e humildes tacinhas de papel-alumínio de bombom, o trabalho escolar de algum aluninho da pré-escola.
E eu não procurei, mas deve ter vídeos exibindo alguma filha duma diaba que seja melhor Power Ranger rosa do que eu fui.
Eu até invejo pessoas com aptidões.
E quem não inveja? Quem não deseja ser bom em alguma coisa?
Estou convencida da universalidade desta ambição humana e até me arrisco a dizer que todo mundo se dedica em determinado momento da vida à desenvolver uma habilidade para alguma coisa. Incentivado ou pela vaidade ou pela necessidade.
Para ser sincera, acho que a vaidade molda mais talentos do que a necessidade.
Por que nem todo mundo precisa desenvolver uma habilidade porque isso é uma necessidade para sua sobrevivência. Mas todo mundo quer aprovação, atenção, respeito das outras pessoas... e ser bom em alguma coisa (associado a outros fatores) é um caminho curto para conquistar tal objetivo.
Os talentos mais legais e descolados são inúteis, na verdade.
Até porque música e arte, por exemplo, sob um ponto de vista pragmático e capitalista, não tem utilidade prática.
Eu achava que as perguntas filosóficas mais difíceis de responder seriam: Qual o sentido da vida? Quem somos? Para onde vamos?
Até quando me deparei com perguntas sobre a utilidade das coisas.
O que é útil? Para que e para quem algo é útil? O que é o inútil? Por que e para quem algo é inútil?
O senso comum de nossa sociedade considera útil o que dá prestígio, poder, fama e riqueza. Julga o útil pelos resultados visíveis das coisas e das ações.
Desse ponto de vista, a arte, a música, a literatura... a própria filosofia ...são inteiramente inúteis e defendem o direito de serem inúteis.
Todavia se o trabalho em prol da desalienação das pessoas pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil.... Aí sim a filosofia, a música, a literatura são as atividades mais úteis do mundo.
Fora desse contexto, o ser humano de uma maneira geral é inútil.
Teóricos, físicos, biólogos, escritores....se esmeram em provar por A mais B que somos ácaros da poeira cósmica, um minúsculo cílio coçando o olho de Deus ...
Nosso cérebro nesse contexto não passa de um mecanismo que desempenha a função de reproduzir ilusões, fantasias ou qualquer coisa que nos faça esquecer que somos inúteis.
Se eu fico pensando demais nisso, me convenço de que a vida não passa de uma idéia prosaica e sem sentido prático algum, que não seja o de ganhar a vida vendendo abacaxi em praias paradisíacas, eventualmente viajar em cruzeiros, fazer uns bons cursos de línguas e música, etc...
Como diria Sheldon Cooper3: “Nós só temos que ser nutridos, expelir excrementos e inalar oxigênio, todo o resto é opcional"
Pessimista, mas até que faz sentido... não?
Minha mãe costumava dizer, que eu deveria passar a minha vida inteira fazendo aquilo que eu gostasse ... porque fazendo aquilo que eu gosto, eu faria muito bem.
Fazendo alguma coisa muito bem, eu seria muito talentosa e daí eu poderia ajudar muitas pessoas e “fazer a diferença neste mundo” (e ganhar muito dinheiro também lógico)
Aaaahhh se mamãe tivesse lido “O capital” ao invés de “Polyana” e “Sabrina”...
Com essa globalização e capitalismo e etc ... o campo profissional tornou-se uma ~arena~ profissional onde não basta que você seja “bom”, precisa competir com outros “bons”
Sempre tive essa preocupação em saber fazer bem alguma coisa (ainda não sei). Mas em oposto nunca fui competitiva.
Digamos que eu tenho a habilidade natural de perder.
Inclusive evito participar de jogos e/ou competições porque eu já sei que eu vou me frustrar.
Porém, graças a um episodio de Scrubs4 eu descobri que ~tava fazendo isso errado~
Quem disse que sitcoms e seriados não educam ?
O episódio 20 da primeira temporada chamado: “My way or the highway” trata do assunto “ser ou não ser competitivo, eis a questão”
O JD (protagonista), tem uma ~mini-stressadinha~ porque tudo para o Turk (seu BFF) é motivo de competição.
E o Turk sempre vence no final e como castigo o JD tem que falar pra ele: “I’m your bitch”.
Na brincadeira, até que tudo bem... só que os dois trabalham no mesmo local: O hospital Sacret Heart; o Turk como cirurgião e o JD como médico geral e ocorreu que um paciente do JD estava com uma doença e teria que decidir sobre se trataria dela clinicamente ou fazendo uma cirurgia.
Para colaborar com o paciente na sua decisão, JD chamou o Turk com a intenção de que ele falasse sobre os riscos que implicam uma cirurgia e que por isso era melhor um tratamento clínico.
Mas Turk, ao analisar o paciente, se posicionou a favor de uma cirurgia.
E o paciente optou por fazer a cirurgia.
JD e o Turk discutem por causa disso e o JD acredita que essa discussão se deve ao fato de que para o Turk tudo não passa de uma competição.
No auge da discussão deles, houve o seguinte diálogo:
JD: Aquele paciente era meu Turk.Levei você lá como amigo, mas você é tão competitivo que o tirou de mim, isso é uma merda.
Turk:Azar.
JD: Como é que é?
Turk: Pode ter certeza que eu sou competitivo, isso faz de mim um bom médico.Quero ganhar tudo, todos os dias e você devia querer o mesmo.
JD: Isso é amizade?
Turk: Isso não tem nada a ver com amizade, você está zangado é consigo mesmo porque não consegue acreditar em você.
No final do episodio o JD fala assim: As vezes você tem que admitir que se sentir competitivo não é uma coisa má. Se acredita que está correto, tem que lutar por isso.

Mudei muitos pensamentos depois de ter assistido esse episódio.

Outro episódio bom de Scrubs ( um dos que eu mais gosto) é o episódio 01 da segunda temporada que se chama “my overkill”
By the way: Overkill é uma música que fez sucesso nos anos 80. É da banda Men at Work e o Colin Hay (vocal e guitarra da banda) aparece no começo desse episódio tocando um violão e cantando a música (tá no vídeo em epígrafe à este post)
Essa música é trilha sonora para esses meus pensamentos a respeito do universo, da vida insônia, “as implicações de mergulhar tão fundo” e tudo mais... (♪♫ I can’t get to sleep…I think about the implications of diving in too deep and possibly the complications…Specially at night I worry over situation…I know it'll be alright…Perhaps it's just imagination. Day after day it reappears…Night after night my heartbeat, shows the fear…Ghosts appear and fade away(…)♪♫)

Tudo isso eu escrevi (vou desabafar agora, estou com lágrimas nos olhos, me escutem), porque amo/sou guitar hero e estou sofrendo bullyng do meu vizinho de 08 anos que joga melhor que eu.
Não foi para isso que minha mãe me deu educação.... não era essa a vida que ela queria para a filha ... ai que tristeza.














(GRINDHOUSE- Planet Terror/Death Proof. Robert Rodriguez/Quentin Tarantino.2007.P.T.:80 min, D.P.: 90 min.Paródia.Inglês)1: isso não é uma referência bibliográfica correta porque eu não tenho as informações do filme para catalogar, é só uma semi-referência.
Grindhouse é um projeto do cineasta Quentin Tarantino com o amigo dele Robert Rodriguez.
Trata-se de “um” filme que é “dois”.
Há duas histórias dentro de Grindhouse: Planet Terror, dirigido por Rodriguez, que mostra rebeldes lidando com zumbis enquanto enfrentam militares; e Death Proof, dirigido por Tarantino, que mostra um dublê misógino que usa seu carro para matar suas vítimas.
É para ser terror, mas também chamam de parodia/homenagem à filmes de horror da década de 1970.
E os filmes foram exibidos separados aqui no Brasil.
O filme em si não fez sucesso não... mas os trailers falsos fizeram.
Teve até um diretor que fez um filme baseado nos trailers falsos.
Curiosidade: Grindhouse não é “casa de trituração” como eu toscamente traduzi da primeira vez que li.“Grindhouses” eram as casas de cinema não-populares, que exibiam filmes não-famosos, cujo o conteúdo era muito não-fraco e a maioria das pessoas consideravam não-bons.
Era não-fácil essas grindhouses viu.
Os filmes exibidos normalmente dependiam do gosto do dono da sala. Ou então se faziam “maratonas” de filmes com determinado tema, estilo ou ator ou ainda, uma  “Sessão Dupla”, com o filme principal, e “ a outra metade” seu dito filme B.
Filmes exploitation ( filmes de baixa qualidade que exploravam assuntos "tabus" como sexo, drogas, violência, racismo, etc.) e filmes gore (gore significa sangue coagulado e é também um termo utilizado para representar filmes onde a escatologia é exagerada, com cenas de sangue em excesso, órgãos expostos e outras nojeiras) eram exibidos nessas casas.
As Grindhouses surgiram nos anos 60 e decaíram nos anos 80 com a popularização do VHS

Papéis-alumínios2 e sonho de valsa2: Eu pensei assim: Papel-alumínio como é substantivo + substantivo fica papéis-alumínios (eu acho) e sonho de valsa fiquei na dúvida se tinha hífen, mas eu considerei que não.
Agora: não sei nada dessa nova reforma ortográfica...
Eu vou continuar colocando hífen nas minhas palavras compostas, ainda que seja só mentalmente.
Algumas palavras fazem muito mais sentido com hífen.
Anti-social por exemplo: aqui o hífen carrega um significado para além do sinal gráfico, estabelece uma distância... explica que o “anti” quer o “social” bem longe...
Só digo uma coisa: eu escondi meus hífens no porão e vou protege-los com a minha vida dos inquisitores da reforma.
E foi só depois de ter escrito tudo isso eu lembrei que poderia ter procurado no Google como se escreve o plural de papel-aluminio e sonho de valsa.
Agora eu procurei. Tá certo.
Quanto a ortografia do resto do texto eu não garanto.

Sheldon Cooper3 : Personagem principal do sitcom The Big Bang Theory e uma pessoa que eu gostaria muito de ser na real life.

Scrubs4: mais um seriado de médicos.
É o mesmo estilo de Greys Anatomy, só que é ~engraçadinho~.
Começa o episódio com o JD narrando um tema e termina com ele narrando também.
Personagens:
J.D. ou Dr. John Michael Dorian: Ele é o tipinho de loser que tem boas intenções, bom coração também ... mas tudo que ele faz intencionando ser a melhor escolha, se revela todas as vezes ser a pior e ele se ferra. As in: Coyote tentando pegar o papa-léguas
Por ele naturalmente ser meio bobão e por estar iniciando a carreira de médico, ele erra muitas vezes (o apelido dele é noobie, by the way), passa por várias dificuldades, têm muitas dúvidas,... e os enredos dos episódios com frequência tem sua ênfase no aprendizado dele à partir destas circunstâncias
Turk: Cirurgião e B.F.F. do JD, eles moram juntos até a quarta temporada.
É engraçado, parceiro, supercompetitivo, crianção, namorado e futuro marido da Carla (spoiler).
Carla: É parceira, geniosa, boa-conselheira, namorada e futura esposa do Turk (spoiler).
Elliot: Desastrada, tem o dom de falar a coisa errada, na hora imprópria. 
The Janitor: Criador de tretas com o JD.
Em verdade, JD nunca fez nada contra ele, mas mesmo assim o zelador faz dele sua perpétua vítima, infernizando-o por instinto e diversão.
Dr. Perry Cox: ~O trollao~ Pensa um cara com a inteligência e o sarcasmo do Dr. House (mais ou menos), só que com trejeitos de Rafinha Bastos fazendo stand-up comedy ... é mais ou menos isso (ou não)
Ele é o “mentor” do JD e trata-o com sarcasmo e desdém, chama-o por nome de mulher, ridiculariza seus atos ... porém secretamente tem muito apreço por ele.
Rowdy: é o bichinho de estimação do JD e do Turk: um cão empalhado




4 comentários:

  1. Quem tá com lágrimas nos olhos agora, sou eu, porque ainda não encontrei nenhuma habilidade inútil =(((((((((((((

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  2. Ai gente, é tanta coisa que eu não sei nem por onde começar a comentar, então fico com a minha consideração final: cadê a reflexão sobre a sua capacidade de grudar músicas nas mentes das pessoas??? Cadê reflexão cadê?

    E as referências? As referências são um show à parte, vide explicação sobre os papéis-alumínios S2

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  3. PS - AI QUE AMOR PRA VIDA TODA ESSE BACKGROUND XADREEEEEEEEEEEEEEEEEEZ!!! =***

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  4. Lindo post!!! Inteligente, bem escrito, e fez eu ficar pensando em minha habilidade inútil....não que eu me ache tão útil kkkk mais acho que minha habilidade inútil é querer resolver os problemas do mundo sozinha, pegar quem eu amo no colo e levar para casa e guardar dentro de uma caixa que ninguém possa magoar...mais a vida não é assim né!! Como diz meu marido: Pensando bem, acho que vc seria uma ótima freira kkkkkkkkk!
    Vai saber néee

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