domingo, 28 de agosto de 2011

Todo carnaval tem seu fim ♪




Poucas pessoas sabem, mas eu tenho uma banda de rock.
Imaginária, mas tenho.
Mariah é a empresária, Thais é a backing vocal, Liniker é o baterista, Ubi é o guitarrista solo e eu sou a vocalista e ~líder~ porque eu sou muito descolada (hahahahahahaha).
Precisamos ainda de um baixista e de um guitarrista base. Estamos estudando organizar um “American Idol” para escolhe-los, vamos ver ...
Como não podia deixar de ser, compusemos imaginariamente, a melhor musica que já foi escrita desde ~Brasilia Amarela~ (com direito a versos alexandrinos cuidadosamente metrificados e uma versão bônus em latim).
Devido ao estrondoso sucesso desta, foi que conquistamos muito prestigio, fama e dinheiro...ambos no mundo das idéias, onde também temos um fã-clube idealizado, para interagir com os fãs ficticios ....
Nosso primeiro acústico foi feito, não nos estúdios da MTV, mas dentro da van do Nelson, semanas atrás, como show de despedida da Neltur.
- Isso foi real, não foi imaginário –
Real e absolutamente inesquecível (ou não, não lembro direito).
Van lotada (cerca de 08 pessoas). Ubi no violão. Eu, Thais e Mariah no vocal e cantávamos todas as ~ metades~  das musicas de maior sucesso dos últimos tempos, que o Ubi sabia tocar:  
♫♪ Entre por esta porta agora e diga que me adora .... ♫♪ que me acha foda!, não espere eu ir embora pra perceber que .. ♫♪.Era a cigana, Sandra Rosa Madalena... ♫♪
Todos unidos na mesma sintonia, numa emoção só comparada com o final da primeira temporada de OC quando o Ryan foi embora.
Que bom seria se as coisas funcionassem um pouco como na minha imaginação às vezes...
Já pensou que louco se o que a gente tivesse vontade acontecesse?
Já pensou que louco seria se as coisas dessem certo e saíssem como foi planejado?
Já pensou que louco viver sem se preocupar com o que os outros pensam?
Já pensou que louco você gostar de alguém e ser correspondido?
Já pensou que louco você abrir seu e-mail e ao invés de "você tem 2640 mensagens não lidas", o Hotmail te avisasse: "você tem 2640 reais que não tinha conhecimento"?
Capaz que eu desmaio de susto se coisas boas me acontecerem.... não sei como lidar, não tenho experiência.
O que me resta é decorar o meu quarto com uma guitarra e sonhar que num mundo paralelo eu sou rockstar.
Me consolo escutando Los Hermanos, porque eles trabalham muito bem me fazendo sentir incluída nesse submundo dos marginalizados da sorte e descontentes da própria existência...
Não me apetecia quando eles eram a “banda da Ana Julia”, aí um dia assisti uma entrevista deles declarando que se inspiravam na banda Weezer.
Foi a primeira vez que eu escutei que alguém, além de mim, gostava de Weezer. Simpatizei.
(Se bem que eu sou fã poser de Weezer, na verdade só curto demais aquele clip deles com os Muppets.)
Aí eu assisti o clip do Los Hermanos para a musica “Primavera”. Pronto. Dia seguinte já tinha decorado a música.
Hoje é a banda do orgulho hipster, de pessoas que gostam de vestir xadrez, curtem filmes alternativos e possivelmente escutam Strokes, The Cribs, Belle & Sebastian, Darwin Deez...
Minha música preferida é a que se chama “O vencedor”, todavia, a que eu tenho escutado nos últimos tempos é essa que dá nome ao post:  “Todo carnaval tem seu fim”
Música que fala da descrença na mudança....desilusão porque todo esforço por mudança é inútil...Nada muda. Tudo tem uma sequência natural.Tudo está pronto.Dentro de um modelo.Um paradigma.
By the way: Uma vez a Vanessa me mostrou uma entrevista do Amarante, onde ele dá uma liçãozinha de moral num repórter metido a querer rotular Los Hermanos por causa da musica Ana Julia.
Perguntou o repórter: “Vocês vão ser sempre lembrados por Ana Julia né?”
Amarante (com um sorriso sarcástico e cara de quem tomou um chá de losna sem açúcar): “Nem sempre”
Repórter insiste: “Você se incomoda de serem sempre lembrados por Ana Julia?” Amarante: “não porque NEM SEMPRE”
Repórter: “É porque sempre quando tem Ana Julia tem a referência Los Hermanos/Ana Julia”
Amarante: “É uma música nossa, por isso tem a relação. Você queria saber o que mesmo ?”
(...)
Amarante: “Você já foi em algum show do Los Hermanos? E esse SEMPRE vem daonde?”
A entrevista fica ainda melhor depois, quando o guitarrista do Los Hermanos “leciona” sobre jornalismo comprometido e ético para o seu interlocutor.
Achei digno.
O Amarante em seus tempos de graduação, não devia ser aquele acadêmico celebridade que se achava rei porque era músico. Eu imagino até ele envolvido nuns dois ou três projetos do PIBID do curso de jornalismo dele e freqüentando reuniões do DCE.
Vou até ver se ele tem curriculum lattes.
Já o Marcelo Camelo respondeu numa entrevista (não lembro qual, nem onde) que eles não levam a sério pessoas que “analisam” as musicas deles porque “viajam” demais...
Disse que o que vale é a emoção que a sua musica causa no indivíduo que a escuta e não o que ele quis dizer quando a escreveu.
Concordo. Só que eu analiso mesmo assim.
Eu desobedeço regras. Não conheço etiqueta social. Frustro pessoas. Sou dessas.
Além do mais, eles não vão saber que eu fiz isso mesmo... não vão poder criticar.
Então...seguindo os “padrões prof. Bea” de analisar poesias, eu diria que:
A primeira coisa que me chama atenção na música é aquele trombone na intro tocando uma melodia de final de desfile no sambódromo.
O começo da música é o fim do carnaval.
Bom começo.
Aí tem a letra:

Todo dia um ninguém José acorda já deitado.Todo dia ainda de pé o Zé dorme acordado= Zé Ninguém está entediado, sem vontade de acordar e até quando ele esta acordado está sonhando.
Deve passar a madrugada na internet vendo vídeo, o Zé...
Ou em jogos do facebook.
Te entendo, Zé.

Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia = Considerando que: Dias com sol= dias felizes....Dias sem sol= dias cinzas, tristes. Logo, a vida está passando em dias que seguem–se sem raiar, sem brilho, sem luz, sem contentamento...
Numa escala de Restart à Black Sabath são dias Ivan Lins.

Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado de que o dia insiste em nascer .... mas o dia insiste em nascer pra ver deitar o novo = Todos os dias você renova as esperanças, movido pela crença popular: “todo dia é um novo dia”... “dias melhores virão...”
Porém o dia insiste em acontecer, somente pra acabar de novo .... porque nada de bom acontece do momento que se acorda ate o momento que se vai dormir.
Você coloca catchup, mostarda e batata palha em cima do bendito dia, pra ver se ele fica com gosto melhor, mas ele não fica.

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada.Toda Bossa é nova e você não liga se é usada = Tudo é do jeito que é, e você sequer questiona.
Já tive altas epifanias com esses versos nas duas primeiras aulas de segunda-feira.
E olha que eu to longe de ser uma boa aluna !
Não faço idéia se o Marcelo Camelo quando escreveu essa frase pensou no Saussure e no Bakhtin, mas ela resume tudo que eu aprendi em quase dois semestres na matéria de linguística.
Simples assim.
Luciane (a profe de lingüística) fala que para o estruturalismo de Saussure que abordava qualquer língua como um sistema, o que importava não era analisar o discurso (a fala) e sim a estrutura da língua (os elementos que a compõem e as relações que estabelecem para formar uma frase).
Como ela diria: “Para o estruturalismo, rosa é rosa porque nós a chamamos de rosa... para dominar o uso da língua não interessa que eu saiba porque ela tem esse nome e sim que ela possui esse nome”
Para o Bakhtin a pira é outra: Importava saber de onde vem, o que e como falamos para se apropriar do conhecimento pleno da língua: segundo ele você só pensa do jeito que pensa porque a sociedade te ensinou a pensar desse modo.
A sociedade produz o discurso, o discurso se transforma em ideologia e essa ideologia é o que vai formar a nossa consciência.
Por isso nenhuma palavra é neutra, ela carrega em seu significado as influencias do discurso da sociedade. “Toda palavra é ideológica” diz ele.
Em outras palavras: entende-se que “toda bossa é nova e você não liga se é usada” porque recebemos a informação de que bossa nova é um subgênero musical derivado do samba e surgido meados dos anos 50.
Mas se estivessemos em 1940 por aí, “bossa” era uma gíria carioca que significava jeito, maneira, modos (tipo: “Fulano tem bossa de artista” = jeito de artista)
E se fossemos estrangeiros e precisássemos procurar o significado da palavra no dicionário, iríamos encontrar outras definições, como por exemplo: nó de marinheiro ou forma que toma o vidro na sua elaboração.
Mas nós entendemos que ele quis falar da bossa nova no sentido de gênero musical,  porque estamos inseridos numa época e dentro de uma sociedade que nos ensinou, nos transmitiu cultura e onde é mais corriqueiramente veiculado e portanto mais comum este tipo de interpretação. Tá no ideário da nossa época.
O que isso tem a ver com os versos da musica, afinal?
Tem a ver que é por causa de tudo isso que eu expliquei, que pra mim, estes versos querem dizer: Linguistica, Who cares?
Quem se importa de onde vem o nome da rosa? Quem liga se a bossa é nova ou não?
E tem a ver que eu prestei atenção em pelo menos uma aula de lingüística...
E prestei atenção porque eu me importo com o nome da rosa e se a bossa é nova ou usada.
Me importo mesmo. Não gostou faz minhas provas, Los Hermanos.
Who’s bad ?

Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco = Tarol é tipo um instrumento de percussão ... diz que é usado nessa música , mas eu não sei identificar a diferença do tarol para a bateria.
Instrumentos de percussão em geral -dizem- são os mais fáceis de tocar. Então: “quem sabe pelo menos isso, eu –que sou um inútil-consiga fazer...”
Ou se tu tiver lido Içami Tiba , Minutos de Sabedoria, papelzinhos de bala freegels e for tomado por um sentimento momentâneo de otimismo, isso pode soar assim: “Eis uma chance das coisas darem certo!! Deus é bom ...vou por um bom-bril na ponta da antena da TV e assistir o terço da rede vida”

Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco = Não importa o quanto as coisas podem estar ruins (Jesus te ama), como o de costume estão ... mas mesmo quando estão ruins e rotineiras e banais .... pode acontecer alguma coisa boa.
Porque isso é fato...sempre acontece alguma alegria , em algum momento, até com a mais miserável das criaturas.
Afinal, se você não se alegrar um pouco, como é que vai se decepcionar depois?

Toda escolha é feita por quem acorda já deitado = você começa escolher no minuto que abre o olho, ainda deitado na cama: escolhe o humor, escolhe se vai colocar o despertador no soneca ou se vai levantar , se veste roupa de frio ou não...e por aí vai...
Moral da história:
Se você é um loser, a culpa é sua. Você que acordou e escolheu ser um loser.
Amanhã trata de acordar e escolher ser o Eike Batista, seu vermiçal !

Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado = Se você reparar vai ver que muitas pessoas de sucesso são pessoas que você conhece: seu vizinho, seu parente, o amigo do seu amigo ...
Aí você, besta que é, pensa: “pode acontecer comigo também, não pode? um dia pode chegar a minha vez. Basta eu me esforçar e contar com a sorte”
Vai lá, tá esperando o que? vai jogar na loteria, se inscrever no Big Brother, comprar ficha pra “pescaria” em festa junina, mandar curriculum vitae pra Petrobrás ... vai lá ...quem sabe né ?
[Uhum...Senta lá Claudia ...]
Pelo menos no meu caso a sorte é só vizinha mesmo. E é bem daquele tipo de vizinha impertinente, que vara a madrugada fazendo festa ao som de forró à mil decibéis.
Uma vadia sem coração.
Parece que misteriosamente nunca se é a pessoa que mora logo ao lado e que a folha elege.... ou nunca o lado que se está é o lado certo...ou o esforço que se faz nunca é o suficiente...

Então o esquema é esse :
E pinta o estandarte de azul. E põe suas estrelas no azul = põe/coloca/desenha as estrelas do estandarte dentro da cor azul do estandarte... estandarte esse que você vai pintar de azul ... porque ele é azul ... porque ele sempre foi e sempre vai ser azul.
Esse é o verso da música que pretende te encorajar a ir para o lado azul da força.
Tenha paciência e continue fazendo o que tem que ser feito.
Don’t worry, Be Happy.

Pra que mudar? = pra mim essa pergunta me soa meio sarcástica. Palavras de alguém que sabe que as coisas são ruins e que não há perspectiva de uma mudança satisfatória... mas não quer se lembrar disso agora, deseja esquecer do que sabe e pelo menos por um periodo de tempo ficar contente.

Deixa eu brincar de ser feliz. Deixa eu pintar o meu nariz.= A felicidade é uma ilusão que você pode ter (e tem) momentaneamente. Tem um tom de súplica esse verso “Deixa eu me iludir um pouco”.

Todo carnaval tem seu fim.= eu sou daquelas que escuta falar “todo carnaval tem seu fim” e pensa: “Graças a Deus !” mas aqui o significado é mais profundo e deprimente: Representa que todo momento de felicidade (aqui figurado pelo carnaval) sempre acaba.

Pessoas cult, descoladas e inteligentes costumam ser pessimistas.
Não me confundam com elas.
Eu sou é azarada mesmo.
E preguiçosa demais pra ser pessimista ou otimista.
Posso cair no erro de ser bem simplória e generalista agora, maaaas... todo aspirante a filosofo que eu conheço é (pelo menos um pouco) pessimista.
Um dos culpados por isso deve ser aquele tal de Schopenhauer. Fiz um trabalho sobre ele uma vez: que mano cabuloso!
Na mesma proporção que a Luciana é fã de Harry Potter, ele é fã de sofrimento.
Pro Shops sofrimento é uma vontade que não está satisfeita e que está contrariada (ta escrito numa obra dele chamada Teoria da Liberdade da Vontade)
O sentido da vida é o sofrimento.
O sofrimento banha o mundo.
“Sofrimento para presidente”.
E no final da historia, você acaba concluindo que a destruição do mundo e um arranhão no seu dedo é tudo a mesma catástrofe. (O que na verdade é até bem reconfortante)
Ou seja, não existe “medidor” de sofrimento e ele é inerente à nossa existência.
Não é necessário, nem desnecessário, é inerente....e transitório também.
Chega a ser engraçado ver como todos sofremos e achamos que o nosso sofrimento sempre tem mais razão de ser que o sofrimento do outro...
Eu mesma to aqui escrevendo esse post na frente da TV e julgando os ~Colírios Capricho~.
É que hoje tem uma eliminatória e um daqueles mocinhos disse assim: “Eu batalhei muito, desde o começo, eu sofri bastante para estar aqui...eu mereço ganhar”
Até parece que ele trabalhava de cortador de cana no Nordeste.
Ai, ai ...
Mundo, mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria a solução
Né mesmo, Carlos Drummond de Andrade?
Agora, para trazer ventura e alegria aos vossos corações, deixo-vos com estes belos versos do cantor gospel Regis Danese, que é pra ver se eu me redimo de tanta baboseira obscura relatada num post só:
Como Zaqueeeeeu ....quero subiiiiirr
♪...Entra na minha casaaa... entra na minha vidaaa...♪
Peço desculpas pelo final da história.Deixem seus e-mails nos comentários que eu prometo enviar uns power-points de motivação.
Aproveitando essa ocasião, vou sair para comprar umas felicidades (felicidade aqui pode ser traduzida como kitkat), porque, como dizem por aí, a vida é curta.
Curta demais pra um post tão longo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Janie, don’t take your love to town ♪



Fui expulsa de uma aula de biologia.
Aconteceu no dia mais interessante da minha época de “ginasial”.
Era final do ano, já estava aprovada nesta máteria, independente da prova que foi feita na semana anterior, para fechar as atividades do bimestre. Naquele dia, professora Beverly entregava estas provas corrigidas e exigia silêncio.
Mas ninguém conseguia, nem queria ficar em silêncio. A turma toda havia tirado nota baixa e quem dependia desta nota para passar, entrou em desespero e tentava uma negociação com a professora.
Tristeza. Revolta.Alvoroço.Risadas.Súplicas.Reclamações.Conversas....
Também era meu aniversário. Como a sala estava um pandemónio e logo, ninguém prestava atenção em nós, Isabela julgou que aquele era um bom momento para cantar parabéns para mim seguido de “comquemserá”, bater palmas, rabiscar o meu caderno, puxar minha orelha, e me dar um presente.
Ganhei dela um CD do Bon Jovi, álbum Destination Anywhere.
Foi o primeiro CD que tive, que não havia sido escolhido e comprado por mim, na vida! (queria tanto saber o que eu fiz com ele)
Eu e ela éramos fãs de Bon Jovi, portanto fiquei muito feliz (~pirei~) com o presente que ela com todo amor e carinho escolheu já pensando em me pedir emprestado (palavras dela). Até trouxe um discman  para escutar junto comigo no intervalo da aula, as musicas daquele CD  (as gerações mais novas não devem saber ... mas o discman é tipo o tatatatataravô do Mp3. Fisicamente é um objeto redondo, parece uma bolacha trakinas tamanho gigante).
Folheávamos o encarte e discutíamos as músicas, enquanto a professora tentava acalmar a turma. Depois me distraí escutando sozinha uma das faixas no bonito discman, quando, de repente, senti um pedaço do coro do meu braço sendo retirado, como se estivessem me fazendo uma depilação (mentira, nem doeu). Isabela dava risadas sádicas ao meu lado, ostentando em uma das mãos um adesivo dos Animaniacs que ela havia colado em mim antes e arrancara agora, num súbito, para rir da minha expressão de susto e quase-dor.
Era como ela gostava de fazer ~humor~.
Explico: naquela época, uma personalidade da mídia chamada “tiazinha” fazia sucesso.
(Ela trabalhava no extinto programa H da bandeirantes, apresentado pelo Luciano Huck, fazendo depilações em homens e seus trajes consistiam em: calcinha, espartilho, máscara e chibata.)
Isabela à satirizava, utilizando adesivos do seu próprio caderno.Com a prática, ela se tornou bem eficiente: colava o adesivo sorrateiramente no braço da pessoa enquanto ela estava distraída e daí puxava bem rápido duma vez só. Depois ria da cara da vítima quando ela se assustava e gritava “AII”
Desisti de continuar escutando o CD por medo de sofrer um novo atentado e Isabela então me contou que a irmã dela, que morava no Japão, trouxe de lá um despertador de aparência vergonhosa e singular (algo como um galináceo que trajava roupas bregas e usava óculos sem lente) cujo alarme era o responsável por acordá-la toda manhã ao som do cacarejar do toque de alvorada militar. E isto estava sendo o grande problema da vida dela:
“É engraçado quando você escuta a primeira vez, mas acordar todo dia com isso é muito irritante” - dizia a Isa.
Eu devo ter feito cara de “to nem ae” pra ela, porque quase imediatamente após ter argumentado isso, ela achou que seria necessário reproduzir o “toque de acordar cacarejado” do despertador para mim, para que eu me compadecesse de seu dilema. Nisso a professora já tinha conseguido à muito custo acalmar a sala e ia começar matéria nova.
Porém, minha atenção nesse momento, era toda para Isabela, imitando o tal galinho despertador.
Eu ri convulsiva e desesperadamente dela e com ela.
Ela riu convulsiva e desesperadamente dela mesma e de mim rindo dela
Aí começou a ficar problemático: sabe quando você ri tanto, que parece que você foi possuído por alguma coisa (ritmo ragatanga talvez, não sei...)?
Por mais que tentássemos nos controlar, não conseguíamos parar.
A professora, indignada ordenou:
- “Vocês duas, se não pararem de rir, vão pra fora da sala !”
E adivinha só quem teve ~folga~ o resto daquela manhã ?
Ficamos no pátio, num dia muito nublado, comemorando deprimidas o meu aniversario ao som de Bon Jovi e assistindo as pessoas fazendo aula de educação física na quadra de basquete.
No momento ficamos tristes... prevíamos altos sermões disciplinares e nossas familias queimando impiedosamente nossos Cds e camisetas do Nirvana e do Green Day quando soubessem da nossa transgressão disciplinar (sofrimento em vão porque a professora não levou o caso até a direção e em nossos amados lares ninguem nunca soube do ocorrido)
Mas o dia ainda não tinha terminado de ser.... interessante.
À tarde, nós teríamos treino de Handebol.
Vou confessar que nós duas, só começamos a treinar Handebol porque queríamos viajar para os campeonatos, faltar aulas por conta dos jogos, fazer amizades...
Em suma: “para sermos descoladas”
Por que um dia constatamos que somente nosso curso de informática, coleção de gibis e oficina de redação não era o suficiente: a vida estava passando enquanto nós apenas dormíamos, estudávamos e assistíamos a fada Bela na novela caça-talentos ...
Ora, já tínhamos 13 anos!! no ano seguinte estaríamos no segundo grau e nossa vida mudaria para sempre...já não éramos mais crianças ... estávamos envelhecendo.
As outras pessoas estavam aprendendo a tocar violão e dedilhavam more than words, já tinham completado a coleção de tazos, iam jogar em outras cidades, faziam intercâmbio...já estavam com a vida ganha .... E nós? O que nós estávamos fazendo das nossas vidas ?
(Coincidência com os dias de hoje, ou questões ontológicas inerentes a todo ser em qualquer etapa da vida?)
Isabela viria a desistir dois meses depois que começamos, porque ela se decepcionou com o fato de que correr causa transpiração e a bola com a qual se joga handebol estava sempre suja e comprometia sua elegância empoeirando a baby-look colcci dela.
Eu resisti por três meses. Não sei porquê.
Mas naquele dia iríamos as duas treinar.
Saímos da aula, chovia.
Eu e Isabela tínhamos por filosofia de vida esquecer o guarda-chuva.
Mas tudo bem. Tomar banho de chuva era pros fortes... para os valentes de espírito... para os puros de coração... para aqueles cuja energia equivalia a três sistemas solares...
Éramos destemidas.
O problema foi que chovia tanto, que ficava difícil permanecer com o olho aberto e esse foi um dos motivos pelos quais eu tropecei numa placa da loja “O boticário” que ficava há uma quadra do colégio e me esburrachei no chão.
Veja bem: nos muitos anos de amizade com a Isa, eu já a consolei quando ela estava triste, já fiz trabalho de escola, já cuidei das três tartarugas d’agua dela, já dei boa noite para os seus 235 ursinhos de pelúcia (ela me obrigava à isso quando eu dormia na casa dela, era tipo um ritual) Mas se você pedir pra ela te contar algo sobre a minha pessoa, ela vai te contar esse tombo.
Continuava chovendo quando voltamos para o colégio, à tarde, para o treino de handebol.
Eu não queria ir. Chovia, era meu aniversario e eu tinha um CD do Bon Jovi.
Mas fui né ...sou parceira.
Antes não tivesse ido.
Eu jogava de ala esquerda, mas joguei de pivô naquele dia.
O pivô tem que ficar no centro e roubar a bola para o armador. E eu sou pequena. Eu apanho.É tenso.
Só levei pancada, parecia que eu tinha um imã para canelas e cotovelos...apanhei até da bola, se vocês querem saber.
E pra fechar com chave de ouro: o treinador, que estava de juiz, tropeçou durante o jogo e caiu em cima de mim.
Se eu não descolei os meus órgãos internos vitais aquele dia com tanto tombo que eu levei, eu acho que não vai acontecer nunca mais.
A melhor parte daquele treino foi ir embora.
Enquanto isso, Isabela ganhava o dia rindo das minhas desgraças: “Eu sei que você não gostou de jogar de pivô, mas partir pra violência e derrubar o Laércio foi demais hein, Ana Paula!”
De lá, andamos até a casa da Isa, reclamando das nossas misérias, problematizando sobre os principais acontecimentos mundiais, comentando a novela, discutindo sobre quem era melhor: se eram os Backstreet boys ou se eram o Nsync...e elegemos a melhor musica do CD que ela tinha me dado de presente: “Janie, don’t take your love to town”
Sentamos na frente do prédio que ela morava e cantamos emocionadamente:  “♪♫…Janie don’t you take your love to toooownnn ... ♪Ja-nie do-n’t you ta-ke your love to to-oo-own ... ♫ If I’ve got to beg...I’ll beg...  just don’t walk away…♪♫
E por fim, comi brigadeiro que ela fez pra mim e terminei aquele dia escutando meu CD do Bon Jovi.(ai que ódio que eu tenho de mim, por ter perdido esse CD)
Minha memória é muito engraçada: não lembro direito como foi a minha cerimônia de colação de grau, também sou péssima para decorar nome de pessoas ...mas desse dia eu lembro.
Também pudera: Nunca mais tive um aniversário tão repleto de  ~tombos~.
Nunca mais ri tão descontroladamente à ponto de ser expulsa de uma sala de aula.
Isabela mudou-se para Curitiba há uns cinco, ou seis anos atrás.
Se tivesse tido a oportunidade, eu acho que lhe teria dito, mesmo que por brincadeira: “Isa, don’t you take your love to town”, fica aí...você é tão legal...
Mas muito antes disso, já havíamos perdido o contato.
Primeiro pela ausência da presença. Depois pela presença da ausência.
Coisas da vida.
Ano passado ela veio me ver aqui em Cascavel e foi muito mais que bom passar umas horas com ela... e também muito diferente do que costumava ser.
Anos atrás, nos víamos todos os dias e ainda semeávamos a discórdia em casa, por motivos de ~tempo no telefone~.
Hoje, são poucos os assuntos em comum.
Ela não é mais a pessoa aficionada por ursinhos de pelúcia e animais de estimação ... eu não sou mais a pessoa que ela apelidou de “tigrinha” porque era viciada em Sucrilhos Kellogs (aqueles sucrilhos do tigrão do ursinho Puff)
Normal. As pessoas não estão sempre iguais, elas estão sempre mudando...
Ao passo que as circunstâncias também mudam nesse “devagar depressa dos tempos”.
A boa notícia é: Todo nosso passado está salvo em powerpoint na memória ROM das nossas vidas.
As sensações, guardamos como souvenir na estante do coração.
(ou na penteadeira? ♪... Meu amor, essa é a ultima oração....♪ rsrsrs).
E isso é tudo o que realmente importa, no final.
Fico alegre em lembrar e constatar que as lembranças salinam os afetos.
Eu não sei onde está esse CD que ganhei de presente naquele sofrido-aniversário-engraçado...mas por toda vida guardarei esse dia, preservando o laço de fita e o papel bonito no qual foi embrulhado.

domingo, 14 de agosto de 2011

Você me faz continuar ♪



            Quando o ilustre senhor Nelson Gallon¹ noticiou a possibilidade de não mais dispormos de seus serviços, meu coração parou. Só voltou à programação normal minutos depois, com os batimentos cardíacos na guitarra solando melancolicamente tears in heaven² enquanto os pensamentos mais tristes acompanhavam balançando de um lado para o outro um isqueiro aceso, as mãozinhas trêmulas.
           Junto comigo, emocionou-se toda a população nelturiana. Todos nós sete.     
          A questão não era só “o que faríamos nós de nossas vidas, por que não dispomos de outro meio de transporte nas mesmas condições, para viajar diariamente para Marechal Candido Rondon, com a finalidade de: estudar na Unioeste”.
          Mentira. A questão era essa sim.
          Todavia, também as futuras gerações teriam à perder com isso, pois, jamais conheceriam a Neltur e a cultura nelturiana, que tem por convenção passar a cada novo passageiro as lembranças dos dias marcantes que vivemos ali. Ou seja, um legado de histórias decairia paulatinamente.
          Sim jovens, porque onde todos vêem haikais de uma van chamada Neltur, nós vemos Ilíada e Odisséia.
          Vou capitular algumas dessas historias:

Capitulo I
A mala perdida

          “Janete³ se descuida e deixa sua tosquice à mostra, perdendo os pertences de um passageiro da Neltur no limbo da BR”.
         Certa vez, um sujeito da Neltur era Pré-cambriana4, colocou sua mala na porta da van5 e Janete, não sei bem como nem porquê, fez com que aquela atravessasse rolando a porta do veículo, indo parar em terras desconhecidas.
         Claro que então, por volta de meia-noite e nossacomotatarde, todos procuravam pela referida mala, e olha que divertido: Ela havia sumido.
Horas depois encontram-na...eu acho.
Mas a historia da mala perdida continua sendo contada. Todo calouro que pergunta ao Nelson quais foram as maiores aventuras que ele já passou nesses anos de viagem, ganha essa história de presente.



Capitulo II
Natal de Luz
  
         Em dezembro de algum ano passado, movidos pelo espírito de Natal, os passageiros tiveram a idéia de enfeitar a van Neltur.
         Foram milhares de pisca-piscas cobrindo o veículo inteiro de luzinhas azuis, verdes, vermelhas, amarelas... fazendo-o parecer uma grande árvore de natal ambulante.
         E houveram boatos de pessoas que viram uma nave espacial colorida trafegando pela BR naquele dia. (PORRRÃÃÃNNN)



Capitulo III
Le Parkour

        Leandro, ou, “Bethânia”como muitos o conhecem, embora hoje esteja afastado por conta das responsabilidades militares, é frequentemente lembrado e no nosso coração será sempre aquele que....
                             NUNCA PARAVA DE FALAR !...... NUNCA !
       Certa vez, Pedro, Eu e Leandro conversavamos no sonolento regresso de Marechal para Cascavel e o assunto era esportes.
        Pedro fazia musculação, academia, praticava Muai-thai, Karate, futebol, bullyng, etc... e dava sua opinião avalizada sobre os diferentes estilos de práticas e exercícios.
        Enquanto desempenhava minha função nesta conversa (estar presente e escutar), Leandro debatia o assunto com Pedro: “Mano, ce tem que fazer Parkour”
Pedro: “Parkour ?”
Leandro: “Sim! É aquela parada que você pula de prédio, de escada, de muros....é bem loko... eu faço, tenho uns amigos que fazem também”
Pedro: “Nossa, que bom.”
Leandro: “Sério, ta certo que já faz tempo que eu não treino ...mas já cheguei a pular de uma altura de 2 metros
(Silêncio. Pedro olha com a sombrancelha sobreerguida para o Leandro em simbólico gesto de ironia, dá um leve tapa no braço dele e depois tomba para o lado, se contraindo todo que nem uma cobra de tanto rir, porém, sem emitir nenhum som... como se doesse algo na barriga)
Pedro: “ Manoooo vc tem 1,70m de altura .... vc pulou um tijolo e fala que fez Parkour?”
Todos Ri. Se não pela história, pela forma como o Pedro ria.
Leandro tanto mais nem falou naquela noite.



Capitulo IV
Os tarados da Neltur

         Nossa fonte de entretenimento e união (as vezes, discórdia) é o aparelho de DVD.
         Atualmente estamos fazendo uma “maratona”  O.C. um estranho no paraíso.
         Sabemos que somos uma família quando chega a hora da música de abertura e todos cantam junto: ♪♫ California here we come, right back where we started from... Californiiaaaaa ....♪♫ Pedro inclusive, grita.
         Maratona O.C. foi sugestão da menina Mariah.
         Uma vez eu e o Ubi sugerimos um filme.
         Eu havia assistido no facebook da Amandoim (@janiejones_) um trecho de um filme chamado “Um pistoleiro chamado Papacu”. Achei graça.
         Primeiro porque era um filme brasileiro, onde o protagonista, zoado que era, com seu sexapeall de Chuck Norris do cerrado, caminhava durante a cena arrastando um caixão e proferia pornografias em todo diálogo.  
         Rindo muito, contei o vídeo que assisti para o menino Ubi, que por sua vez contou para o menino Jean, que por sua vez já havia assistido o filme inteiro.
          Jean relatou muitos spoilers engraçados e bizarros que só fez aumentar nosso interesse ... De tão animados que ficamos, eu e o menino Ubi decidimos que levaríamos
este filme para assistir na Neltur.  Tínhamos que dividir o deleite de assistir esta jóia da sétima arte com nossos irmãos de viagem.
         Enquanto decidíamos quem baixava o filme, qual dia da semana levaríamos, ...  Jean mencionou algo que não demos atenção no momento, mas viríamos a entender o motivo dos seus conselhos depois: “Pelo menos assistam uma vez antes”, “Algumas partes vocês precisam cortar”, “Olha, ele é MEIO pornô”
         Ubi downloadeou o vídeo, colocou no pendrive e trouxe prontinho numa segunda-feira. Alguns contratempos houveram e só fomos assisti-lo na quinta-feira.
Durante este intervalo de espera, fizemos uma excelente propaganda do filme, para que unidos numa só emoção, num só coração, juntos, felizes assistíssemos a sessão Neltur que por nós foi promovida.
        Tudo pronto. Filme no play. Luzes apagadas. Todos de olho na tela.
        Já nos primeiros minutos, assistimos as cenas pornô-suruba-cowboy-estranha-suja-etc,  mais chocantes das nossas vidas. Não as descreverei. Eu nem saberia como.
        Eu olho pro Ubi. Ubi olha pra mim. Eu olho pra frente tampando o rosto com as mãos. Ubi olha pra frente escondendo o riso. Olho pro Ubi. Ubi olha pra mim. Faço um “e agora?” com as mãos e o rosto transparecendo o desespero. Ubi também gesticula um “e agora?”, demonstrando estar sentindo o mesmo desespero e vergonha.
Nelson de súbito pára o filme: “Pessoal, por favor, essas coisas não né ...”
Silêncio sepulcral.
Liniker começa a rir alto, devagar e compassadamente.
Bia: “O Ubi eu até posso entender. Mas você hein Ana? Meu Deus, que decepção”
Pedro bate palmas.
Thaís vira-se para trás lá do banco da frente, rindo, com o dedo em riste apontando na direção minha e do Ubi.
Mariah fica vermelha e ri. Mariah ri como se não houvesse amanhã.
Passaram-se dias, semanas .... até que recuperássemos a dignidade perante todos os demais passageiros que nos estigmatizaram como os tarados da van.



Capitulo V
Os quase quatro aniversários de Mariah

         Nelturianos em geral são descolados e apreciadores de tequila.
         Eu, Liniker e André não nos incluímos nesta regra.Ou QUASE não nos incluímos nesta regra.
         É bem divertido ver os outros chapando.
         Se você é o único sóbrio é ainda mais divertido, porque no dia seguinte você pode trabalhar de memória coletiva, zoando com todo mundo que não se lembra do que fez e do que falou.
         A parte ruim é que você as vezes sofre ameaças de revanche e morre de medo de um atentado surpresa com a finalidade de queima de arquivo.
        Alguém descobriu que a desculpa perfeita para voltar bebendo pra casa e brincando de “quem bebe?”6 é celebrando o aniversário.
         Talvez por isso, Mariah já teve dois aniversários, tem um terceiro marcado e contando ....
Porres memoráveis :
Ubi: No início deste ano, o apelido do Diego (Ubi) foi 446.
Isto porque não conseguíamos achar a casa dele: ele não falava onde morava. Perguntamos inúmeras vezes e tudo o que ele fazia era resmungar “446”

Pedro: Trote dos calouros de história. Pedro bebeu tanto que teve que parar na BR para fazer suas necessidades fisiológicas. Acabou caindo no gramado e dormindo por uns cinco minutos.

Mariah: Mais loca que o Lobão, Mariah desenbestou a MORDER (WTF?!?) todos a sua volta.

Thais: O episodio “oi sede alvorada” merece um capítulo à parte, mas Thais também foi a protagonista do *melhor tombo da van 2011*.Com direito à efeitos especiais da Mariah salvando-a de rachar a cabeça no ultimo segundo.



Capitulo VI
Pedro VJ

              Pedro realmente daria pra um bom VJ (trocadilhos infames: quem nunca)
              Ele preenche os requisitos não só/mas principalmente porque curte música, ou melhor dizendo: curte ecleticamente música, tipo: “Sou fã de Iron Maiden, The Doors, DeadMau5, Mamonas Assassinas, Facção Central, Alexandre Pires, Exaltasamba e Engenheiros do Hawaii.” (alguns eu zoei, não vou dizer quais hahah)
              Mas se a MTV pegasse esse dialogo que tivemos na Neltur, chance alguma ele teria:
                        [Estavamos assistindo o DVD dos titãs]
Ana: Não consigo lembrar o nome daquele careca de boné ali..
Pedro: Também não lembro... mas Titãs é foda né !
Ana: Eu também gosto deles...gosto dessa coisa de não ter só um vocalista...E é interessante que a maioria deles procurou por uma formação diferente, ir além do que só ser integrante de uma banda. Tipo o Paulo Miklos que é diretor, ator,  etc ...
Pedro: É verdade, todos os titãs são foda ...inclusive aqueles que saíram, tipo o FREJAT
Ana: Frejat é do Barão Vermelho, Pedro.
Pedro: Ahhhh é verdade!!! Como é o nome daquele guitarrista mesmo?
Ana : Sei lá ... Nando Reis ?
Pedro: Não....É o ... o.... o...Tony ... TONY GARRIDO !?!
Ana: Tony Garrido nunca foi dos titãs
Pedro: Ah é verdade, Tony Garrido era dos Tribalistas.
Ana: Mano, Carlinhos Brown era do tribalistas, Tony Garrido era do Cidade Negra.
Pedro: Então quem é o Carlinhos Brown??? É aquele dos tribalistas também Ana... É aquele branco, não é?
Ana : Aquele é o Arnaldo Antunes. Carlinhos Brown é negro.
                             ~ Risos histéricos ~







Capitulo VII
Oi Sede Alvorada

         Neologismos são muito bem quistos na nossa Neltur.
         Virna, certa vez, com a van em movimento, saindo de Marechal Candido Rondon, deu por falta do motorista. Nascia o termo “Cadê o Nelson?” como metáfora para “Pergunta obvia, tolerância zero” as in: Como é que um veiculo em pleno tráfego, pode estar sem condutor ?
         Outro neologismo é:  “Oi Sede Alvorada” que é metáfora para: Se alguém bêbado faz alguma coisa sem noção, é nossa obrigação lembrar disso pra sempre.
         Thais, em elevado estado alcoolico, pediu para que parássemos em Sede Alvorada para usar o banheiro. Em êxtase de felicidade e eloqüência ela ordenou á todos nós: “Quando a gente chegar em Sede Alvorada, todo mundo vai gritar bem alto: ‘Oi Sede Alvorada !!!’ , se vocês não gritarem, eu vou ficar muito brava, to avisando”
         Dissemos Oi pra Sede Alvorada, lógico.
         Lógico que continuamos dizendo Oi Sede Alvorada toda vez que passamos por lá... mesmo com a Thais sóbria. Principalmente com a Thais sóbria.




        São muitas as histórias, não relatei nem 1%.
        Contando as idas e vindas, passamos mais de três horas juntos diariamente...Faz as contas de quanto dá isso em um ano!       
        Impossível não ter o que contar. Impossível ser indiferente.
        Você conversa com quem tá do lado. Você pede opinião. Você descobre gostos semelhantes. Você desabafa sobre os trabalhos e provas.Você faz amizades.
         E não raro, o stress, os problemas, agonias, dúvidas, decepções ...tão usuais e comuns na vida pessoal, ou na vida acadêmia, são amenizados no trajeto Cascavel-Rondon
        A gente acaba criando laços com um meio de transporte. Talvez o tempo que gastamos nele que o torna muito importante em nossas vidas...Ou talvez seja só devaneio meu.
        Fato é que enquanto tivermos a Neltur ... A Neltur nos terá.
        Aliviados estamos pela decisão do Nelson de continuar indo até o fim do ano.
        A trilha sonora que antes era : ♪♫Eu fui embora mas eu nunca disse adeus... ♪♫
        Passou a ser:
                                  ♪♫ Eu sei faz tanto tempo
                                        Passamos por muitos momentos
                                        Saber que tenho você me faz...
                                        Me faz continuar ♪♫
        Inclusive, no clipe dessa música do Cachorro Grande, a banda faz tipo um mini-show pra eles mesmos no fundão do ônibus. Sempre sonhei fazer algo assim um dia.
        Fica a dica hein Ubi e Mariah.
        Fica a dica.
      












Nelson Gallon¹: mais conhecido como o motorista da NELTUR- van que transporta humildes aspirantes à historiadores, geógrafos -e eu- de Cascavel para Marechal Candido Rondon.
Tears in heaven²: é a musica mais triste e famosa de autoria do Eric Clapton. Gentchy, o que é aquele solo de guitarra? Sem falar que ele fez a musica pro filho dele que morreu num acidente, etc...
Janete³: Janete é pseudônimo para Lucas, que adquiriu esta alcunha num jogo de baralho, onde ele, bêbado,  chamava  “valete” de “Janete”
Neltur era Pré-cambriana4: meados do ano 2.000
Van5 : Minha mente parece que foi hackeada: à medida que escrevo “van” lembro da Vanessa.
Quem bebe ?6: to com preguiça de explicar a brincadeira, por que eu sei que vou ter que escrever bastante (hahaha).Mentira, eu vou explicar...adoro explicar:
São quatro regras básicas: 1- Mude deu nome com o da pessoa do lado. 2- Escolha uma vítima e encene o dialogo padrão (Fulano bebe. Fulano não bebe. Então quem bebe? Ciclano bebe... e por aí vai). 3- Não erre seu nome (que não é o seu nome, é o nome de outra pessoa conforme regra a brincadeira) 4- Se errar seu nome, beba.
Olha, na prática é mais fácil de entender....eu juro.

Like a G6 ♪



         Odeio baladas dançantes.
         Mas não é porque eu odeio que seja ruim.
         Também não é porque eu freqüento lá de vez em quando, que eu gosto né.
         Eu vou até em velório, mas porque eu sou parceira.
         O lugar te cobra cinco reais numa água e você ainda é pressionado pela sociedade à:  ~DANÇAR~ publicamente para se sentir incluído naquele contexto.
Amados: se eu já consigo a façanha de tropeçar parada, imagine o ~charme~ que eu sou dançando !!!
         Última vez que arrisquei, acho que dei umas três voadoras acidentais em desconhecidos que tiveram o azar de passar do meu lado no momento.
         E tem aquelas luzes coloridas... Raios laser penetrando a retina e te cegando lentamente, como se não bastasse todos os problemas que você já tem, tendo que equilibrar um copo na mão e mexer os pés ao som de David Guetta ao mesmo tempo.
           Sábado o MSN é só alegria. É tanta gente promovendo balada ,~se~ promovendo para a balada e declarando todo seu amor pelas bebidas alcoolicas que até te convence: “Tá na hora de ir pra balada, aproveitar a vida, afinal é o que todo mundo fala”
           Mas na boa: deve teve ter alguma experiência antropológica secreta muito boa escondida nesses lugares, da qual não fui convidada a participar. Por que eu tenho dificuldade em estabelecer uma relação entre aproveitar a vida e estar ali.
           Ou acontece alguma coisa muito legal justamente quando eu to lá na fila quilométrica do banheiro, escutando gente vomitar.
           Não é que eu seja uma idosa que só sabe reclamar.
           Eu sou mesmo mas não é o caso.
           Eu gosto de umas músicas que rolam em baladas. Like a G6 é uma delas (se bem que as paródias que fizeram pra essa musica, são ainda melhores)
           Eu gosto da maneira como soa a frase: “sair para se divertir”
           Na verdade eu até vou nessas paradas. Mas não vou com amor no coração.
           Meu sonho de balada perfeita é impossível, porque teria que ser nos anos 80.
Não festa temática anos 80/90. Festa nos anos 80/90 mesmo: com toda a ideologia, moda, música e comportamento que o continha.
           Devia ter uma “vibe” diferente o famoso “sair para se divertir”, porque a década tinha um clima de liberdade misturado com um “tá tudo errado nesse mundo”, por causa do final do período da ditadura militar e o processo de redemocratização do país. Lá fora também rolava a Guerra Fria, queda do muro de Berlim, etc....
           Agora pensa no que era discoteca e no que era a musica de balada inserida nesse contexto mundial que era de luta contra a ordem social estabelecida.
           Dance music não era tão pop e comercial assim não. Dance music era muito rock n’roll.
           Haja visto que, a música disco foi um movimento de liberdade de expressão, liderado pelos gays, negros e latinos heterossexuais contra a dominância do rock e desvalorização da música dance da contracultura durante este período.
           Engraçado como o filme Detroit Rock City (Oi Luciana!) mostra bem como era tensa essa briga Disco X Rock quando os meninos do “Kiss Army” dão carona pra uma guria que era fã de Donna Summer.
(Só abrindo um parênteses sobre música agora: O que era o Rock in Rio naquela época?)
           Não quero dizer que os anos 80/90 eram melhores ... é só pieguice mesmo e a constatação de como o tempo passa e as coisas mudam de significado.
Eu queria ter ido numa balada nos anos 80, pra saber como era no inicio.
           Idealizo eu que me frustraria menos do que com as baladas desses tempos modernos...  
           Até porque é mais fácil e seguro arriscar uns passinhos dos Bee-Gees, Prince, Double you, Donna Summer etc...
           Mas quer saber ? Eu não sou infeliz porque não curto e freqüento balada.
Eu mesma faço a minha própria hard party todo final de semana, de pijama, com meu próprio playlist, no meu próprio computador, OPEN INTERNET e de graça.
           Daí faço um toddynho e: ~ Now I'm feeling so fly like a G6 ~


Malandragem ♪



Machado de Assis foi um apaixonado por jogo de xadrez.
Deve ser por isso que ele escrevia tão bem ... Dizem que jogar xadrez “desenvolve o cognitivo”.
Eu nunca tive paciência pra esse jogo.
Mas tudo bem, nunca serei um Machado de Assis mesmo.
Dizem que foi inventado na Índia há tipo ... séculos atrás ....
E muita metáfora já foi feita usando o jogo de xadrez: Já compararam-no com estratégias militares, já compararam com o sistema lingüístico (ETA SAUSSURE MARAVILHOSO)...
Para promover a 6º temporada de LOST, fizeram uma propaganda muito boa.
Era o Locke narrando uma pequena comparação do jogo de xadrez com a vida, dizia ele:

"O homem sábio disse, a vida é um tabuleiro de xadrez. De noites e dias. Onde os homens são peões de Deus, movidos aqui e ali. Deus lhes permite matar, e mata. E peça por peça, ele os coloca de volta na caixa. Porque há um destino para cada peça, para cada jogador, e para Deus. O destino será cumprido."

Olha como faz sentido: a alternância do branco e do negro lembrando a alternância do dia e da noite, do bem e do mal, da vitória e da derrota....é uma metáfora sobre a realidade da vida em constante mutação. E ainda tem o fato de que, no jogo, qualquer movimento de uma peça afeta todas as outras...Simboliza muito bem as ações da vida e as respectivas reações em cadeia sobre tudo o que está à volta.
Um dia, alguém teve a idéia de fazer um desenho em que as cores são dispostas em quadrado alternados, semelhantes ao tabuleiro do jogo de xadrez e costurar roupas bonitas.
Virou moda grunge em 1990.
Virou senso comum em 2011.
Eu visto xadrez.
Simpatizo profundamente com xadrez ####.
Team #.
Na verdade, eu sou xadrez.
Confessei isso recentemente na Unixerox, para a Van e a Lu.
Reparem também, que a moda xadrez avançou do desenho do tabuleiro de xadrez, que é divido em quadrados calculados e de duas cores: o xadrez da moda é bagunça; um traspassado de listras coloridas que sem querer formam quadrados.
Linhas horizontais sendo cortadas por linhas verticais e dentro das linhas tem linhas, dentro dos quadrados tem quadrados...
Dizer que aquela estampa xadrez é “azul”significa que ela é predominantemente azul, mas cada parte dela (cada quadrado ou listra) tem riscos e influências de outra cor.
Por me identificar com esses adjetivos xadrezísticos, é que digo que sou xadrez.
Também eu, sou como a estampa xadrez que uso: Cada fragmento do que se diz ser o meu caráter, é recortado por fragmentos de carater diferente... Cada opinião que eu digo que tenho, contém tem uma ressalva indicando que ela é verossimilhante neste momento, mas não é imutável...Cada tese, uma antítese...Cada referência uma influência.
Também eu, sou a dualidade de um tabuleiro de xadrez: alternando entre o bem e o mal, o ruim e o bom,....
Dualidade humana: quem nunca
Mais gente deve ser como eu, porque teve umas pessoas que tiveram o trabalho de estudar sobre isso. E chamaram de psicanálise.
E pra resolver esse impasse, um tal de Jung dizia que deveríamos permanecer entre os dois lados, suportando o conflito até encontrar uma terceira opção: algo que fosse capaz de unir a oposição. Se escolhermos um dos lados, sentiremos falta do outro. É aí que surge espaço para a criatividade.
Ou seja, tem que ter as malandragem, tá ligado?
Malandragem esta que nem sempre eu tenho, mas preciso muito. As in: ♪ Eu só peço a Deus um pouco de malandragem....pois sou criança e não conheço a verdade
Bom, isso é tudo. Agora vou viver meu dia, porque afinal: ♪ bobeira é não é não viver a Realidade. E eu ainda tenho uma tarde inteira ♪
Reparem que nesse clipe de malandragem que eu coloquei lá em cima, a Cassia Eller veste um pano xadrez, em cima de um piso xadrez.
Não é lindo ?

♪ Stairway to heaven



Foi assistindo o extinto programa “historias do rock” apresentado pelo Casé Peçanha que eu conheci a Banda Spirit e que eu escutei esta história:
           Randy California foi o guitarrista e líder da banda Spirit. Pouca gente os conhece, embora outros grandes nomes da musica da época os considerasse a única banda de valor na América (palavras de um moço chamado Jim Morrison).
           Em 1967, Randy compôs “Taurus”. Ela se tornaria lendária nas mãos de outra pessoa: Jimmy Page. Ele a colocou na introdução de “Stairway to Heaven” que além de muito famosa, é tipo um troféu pra qualquer aspirante à guitarrista, quando aprende a dedilhar.
          Randy California não chegou nem perto com seu Spirit do que se tornou o Led Zeppelin. Morreu afogado em 1997. Não por vômito ou overdose, como o universo rock gosta de venerar. Tentava salvar seu filho que se debatia desesperado no mar. Seu filho sobreviveu. Sua música também, durante décadas... todavia, nas mãos de outro guitarrista.
          Outro exemplo: Tem gente que adora Caetano Veloso por causa dessa música:"Você não me ensinou a te esquecer" E ela é composição do saudoso Fernando Mendes, responsável pelos clássicos "Cadeira de rodas", "Menina da calçada", "Menina do subúrbio", "Menina da platéia", "Menina moça" e "Menina".
          Não que eu desmereça o Led Zeppelin e o Caetano Veloso, muito pelo contrário, acho ambos fantásticos no que fizeram com essas musicas.
         Dias atrás tive que apresentar um trabalho na aula da Bea sobre Raimundo Correia e precisei defende-lo da acusação de plágio de umas poesias francesas, argumentando que o fazer poético (e a arte no geral) não é só originalidade, mas também é uma reconstrução daquilo que já existe, um olhar diferente sobre o mesmo objeto.
          Pois então, meus caros .... Talvez vocês já saibam, mas o cantor Falcão (o do girassol no paletó, não o ex- da Deborah Secco) fez um cover de Another brick in the wall do Pink Floyd e a letra da musica era uma versão do “Atirei o pau no gato” famosa canção infantil.
Era mais ou menos assim: ♪ Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu... Dona Chica admirou-se do berro que o gato deu ....HEY, CHICA deixa o gato em paz.Não vamos traumatizar o coitado do animal.Eu só joguei o pau no bicho pra ouvir o MIAUUU♪

Aí o Falcão foi pedir os direitos pro Pink Floyd e eles disseram NÃO.
NÃO !
Mas o melhor foi a resposta do Falcão: “Ok. Muito que bem.Quando eles vierem pedir pra regravar musica minha, tambem vou dizer não”
Por causa dessa história, pensei em dar o nome de “atirei o pau no gato” pra esse blog.
Mas desisti.
Porém dei o nome de “quanto mais principalmente” que é outra música do Falcão.
Só não me vão achar que eu sou fã de Falcão por causa disso.