Não é bom quando a gente encontra trezentos mil num casaco
antigo? Dizia um tweet do Eike Batista.
Eu, como sou pobre e azarada, vou procurar dinheiro, acho um
caderno de segundo grau antigo.
Minha única alegria foi ver que ele ainda tinha os adesivos
do superman intactos!
Folheando as primeiras páginas do caderno, li que meu ex
professor de história me ensinou que o “heroísmo romântico” nasceu com Ilíada e
Odisséia por quatro razões.
Uma delas era a narração mítica e as outras eu não anotei.
Nunca li (e acho que nunca vou ler) Ilíada e Odisséia, mas
já li os resumos e assisti o filme com o Brad Pitt e pelo que entendi é mais ou
menos assim:
Ilíada relata a saga do herói Aquiles, filho de uma deusa e
um mortal, que engendrou a Guerra de Tróia, na qual ele mata Heitor, o filho do
rei de Tróia. Tudo porque o príncipe Páris (irmão do Heitor) resolveu dar uns
pegas na Helena que era mulher do rei Menelau.
Odisséia narra as dificuldades e tormentos da guerra de
Tróia que enfrentou Ulisses, rei de Ítaca (entre elas passar sete anos
fornicando com a ninfa Calipso) e seu retorno para casa (depois de dez anos
!!!) onde o espera ansiosa e amorosamente sua esposa, Penélope (depois de dez
anos ???)
A partir de Homero o mundo não parou mais de escrever
histórias de heróis, conflitos e aventuras baseadas na sociedade e no tempo
histórico que vivem.
Até que um dia criaram o superman e depois dele todos os
outros heróis modernos.
Mas nesses tempos de valorização do vilão, do anti-herói, do
revolucionário, dos “vida loka”, do sombrio, do “dark side” e dos “cinqüenta
tons de cinza”... anda meio fora de moda o bom e velho herói que veste a cueca
vermelha por cima do colan azul.
Não raro, o superman é até criticado por ser irreal,
“perfeitinho demais”, mauricinho, convencido, invulnerável.
Sem contar que esses dias eu fui comprar um caderno novo e
não tinha do Superman. Só tinha do Batman (sem adesivo).
Confesso que eu tive meus preconceitos quanto a essa
invencibilidade dele ...
Como o espartano Dienekes¹ fala: “Se todos tivéssemos as capacidades dos deuses, medrosos
seriam tão raros quanto penas em peixes!”
E é verdade, ver o Superman enfrentando raios, meteoritos,
explosões, etc. etc., sabendo que ele sairá ileso não causa muita emoção...
Porém, boa parte desse superman é obra dos equívocos
editoriais da DC e creio que quem ler outras HQs como Crise nas terras
infinitas (Marv Wolfman), All Star Superman (Grant Morrison), ou o meu
preferido “Superman:
Entre a Foice e o Martelo”² escrita por Mark Millar (nessa
minisérie ao invés do foguete de Kal-el cair na América capitalista, ele acaba
caindo na Rússia comunista de Stalin, o uniforme dele é cinza e vermelho e ao
invés do “S” no peito, o símbolo é um martelo e uma foice) eventualmente vai
acabar abrindo o coração e valorizando esse quase esquecido super-herói.
Eu insisto em dizer que todo herói moderno é uma releitura
do superman.
Kal-El pode não ter sido o primeiro, mas foi referência pra
esse tipo de herói.
Copiando a didática do meu professor do segundo grau, tenho
quatro tópicos para defender a primazia do homem de aço:
1)
Super-Übermensch
Vou chutar que cerca de uns 80% dos heróis mais célebres são
órfãos.
Não sei se é coincidência ou fruto de uma pesquisa de
marketing...
Todo mundo adora ouvir a história de um coitado que não tem
pai, ou mãe, ou os dois e se torna poderoso.
Quem não é órfão se comove, quem é se identifica.
(e ambos sonham em receber uma cartinha de Hogwarts)
A realidade é que nem todos os pais adotivos são Martha e
Jonathan Kent, tem o Know-how de como educar um filho e estão realmente
preparados para integrar outra pessoa a família. A maioria pensa que “amor para
dar” é o suficiente e na prática não fazem a menor idéia do que estão fazendo.
Pais adotivos também não são por consequência pessoas altruístas,
benevolentes, ajustadas e preparadas. Eles podem ser imaturos e carentes, sem
contar que muitos deles desejam um filho para ter alguém em quem depositar amor
e receber de volta, ou para ser um “herói” e assim acabam superestimando e
enchendo de expectativas a pessoa que adotou, desconsiderando que seu filho é
um individuo que não vai necessariamente seguir o roteiro que eles criaram e
não vai ser a solução para o vazio interior que a carência deles criou.
Ainda que sejam pais perfeitos e por mais que haja amor em
família, a falta dos pais biológicos é uma ferida que sara, mas a cicatriz
permanece, mesmo que inconscientemente, bagunçando a psiquê do indivíduo. E se ele
não for adequadamente bem criado e preparado para superar isso, a carência
afetiva durante a infância pode conduzir a uma deterioração integral da
personalidade.
Sorte do menino Kal-el que foi criado pelos melhores pais
adotivos desde José e Maria, os pais de Jesus Cristo.
O mérito da perfeição de caráter dele, contudo, não deve ser
só dos Kent.
Tem muito mais filho adotivo e filho biológico com pais
perfeitos mas que estão perdidos na vida do que se possa imaginar.
Assim sendo, Kal-el é o principal responsável pelo seu
carater, um dos motivos pelos quais ele merece o adjetivo de super.
Sabemos que cada pessoa é diferente e existem formas de se
lidar com os problemas, minimizando-os até sumirem, mas é difícil alguém com ou
até sem esse fardo emocional, construir uma personalidade quase indefectível e
que saiba lidar com as dificuldades da vida de maneira imparcial, justa e
lógica.
E não só o superman, mas muitos outros heróis possuem uma
perfeição que não é humana (nem Kriptoniana) e caráter imaculado demais pra ser
verdadeiro.
Mas tá certo, né? pra ver a realidade lê-se o jornal, a
gente recorre a ficção é pra sonhar mesmo.
Por isso que eu digo: ele é perfeitinho demais? Até é.
Merece ser criticado por isso? Eu acho que não.
Palavras da minha amiga Vanessa (fã de Smallville) sobre a
perfeição do superman: “Ele se fudeu
muito na vida até amadurecer e se tornar quem ele é”
Eu concordo. A mensagem que ele transmite para mim é essa:
no pain, no gain.
Quanto maior a dificuldade, mais gratificante é a superação.
Quanto maior a superação, maior a força adquirida.
E quanto mais forte se fica, mais forte se é.
Isto posto, a mensagem que o superman passa através da
perfeição de pessoa que é o Clark Kent é que todos temos problemas e que
independente disso qualquer pessoa pode ser bem-sucedida; desde que de alguma
forma ela cure suas feridas, supere a si mesmo e se faça correta pela sua
própria vontade.
Nietzsche também falou de um superman (Übermensch) na sua
obra “Assim falou Zaratustra”, mas, o superman do Nietzche não é “super” porque
tem superpoderes... Para ele um superhomem é qualquer homem que consegue superar
a si mesmo e se fazer grande.
Uma vez que no Superman da DC coexistem as duas coisas
(superpoderes e superação), pra mim ele é duas vezes super.
Acho válido mencionar que o ”S” no uniforme dele não é de
“super” é o brasão da família El. A Louis Lane que assimilou o símbolo a letra
S do alfabeto latino e pensou: “Ah,
entendi! S... Superman...”
Essa explicação é a que eu mais gosto, mas não é dos
quadrinhos da DC, é idéia do Marlon Brando que fez o Jor-el no filme Superman
de 1978.
Nos quadrinhos atuais esse “S” é o símbolo kriptoniano para
“Esperança”
2) Lar é onde está seu coração
Criado por dois judeus (Joe Shuster e Jerry Siegel), filhos
de imigrantes, a primeira edição do superman foi publicada no dia 1 junho de 1938.
E o mundo precisava desesperadamente de um herói que
trouxesse esperança nessa época, principalmente os judeus.
Cinco meses depois do lançamento do Superman, no dia 09 de
novembro de 1938, em diversos locais da Alemanha e da Áustria, nazistas
destruíram todas as lojas, habitações e sinagogas judias.
Naquela noite, 91
judeus foram mortos e cerca de 25.000
a 30.000 foram presos e levados para campos de
concentração. 7500 lojas judaicas e 267 sinagogas foram reduzidas a escombros e
esse evento foi conhecido como “Kristallnacht” (noite dos cristais).
O Planeta Terra era oficialmente um lugar de injustiças, violência,
crime, abuso de poder, etc.
Se Shuster e Siegel estivessem focados e ressentidos sobre o
que há de errado nesse mundo por causa dos horrores que o nazismo causou ao seu
povo e também desesperançados quanto à um futuro melhor, eles teriam criado o
Dr. Manhattan ao invés do Superman.
Digo isso porque Dr. Manhattan (whatchmen), que foi um homem
comum chamado Jon Osterman antes de ficar azul e superpoderoso por conta de um
acidente em uma câmara de testes durante um experimento de física nuclear, começou
a não gostar mais do lugar onde vivia, se tornou alheio à assuntos humanos, incapaz
de interagir com outras pessoas e foi embora da Terra indo morar na lua.
Ora, se você não nasceu nesse planeta e consegue sobreviver
sem transformar gás carbônico em oxigênio, por que considerar um lugar assim
“seu lar”?
Diferente do Dr. Manhattan, que apesar de ter sido humano um
dia, passou a desprezar os humanos e o planeta Terra, Kal-El que nunca foi terráqueo
e por isso tinha toda desculpa de se tornar um adolescentezinho super cheio de
si e ir embora desse planeta, ou explodi-lo quando estivesse de saco cheio de
ver coisas como holocausto, violência, corrupção, falsidade, ódio e etceteras,
fez o contrário: amou o planeta em que foi criado com seus defeitos e
qualidades e sempre transmitiu a mensagem que “lar” é onde está seu coração,
onde você amou e se sentiu amado, onde você se sente confortável, o lugar que
você arriscaria a própria vida para proteger...
Desistir de algo quando está ruim é fácil.
Ficar para salvar e tentar reconstruir aquilo que tem valor
é que é heroísmo.
3)
Infalível, só que não.
Já li por aí várias comparações entre o Superman e Jesus
Cristo; algumas até muito bem escritas.
No filme “Superman, o retorno” o diretor Bryan Singer usa e
abusa dessa metáfora
( Jor-El (pai biológico) diz ao enviar seu filho a Terra:
“Apesar de ser criado como um ser humano, você não é um deles [...] eles
poderiam ser um grande povo [...], porém precisam de uma luz para iluminar o
caminho [...]”.)
A impressão que eu tenho é que ninguém gostou desse filme
porque o superman é esperançoso demais e todo mundo amou o Batman porque é
sombrio demais.
Sabe como “Superman o retorno” teria ficado mais “dark” que
o Batman? Se ele fosse literalmente uma metáfora da Bíblia e tivesse que matar
seu próprio filho para salvar o mundo.
Tem algo mais sombrio e ao mesmo tempo mais generoso e
heróico do que sacrificar o próprio filho pela humanidade?
E logo ele que é alienígena?
Não acho que foi um erro fazer Kal-el parecer com Jesus
Cristo, acho que foi um erro não ter ido até o fim com isso.
(religiões a parte, J.C. é muito hardcore.)
Assim como a onipotência de Deus é vigorosamente questionada
por ateus, a infalibilidade do superman também é, por muitas pessoas:
“Se ele é tão fodão e
invencível porque não acaba com a fome no mundo? Por que não caça terroristas?
Por que não conserta o buraco na camada de ozônio?Por que não governa a Terra?”
Muitas edições foram dedicadas a responder essas questões,
mas a que mais me convence foi a que eu li numa edição comemorativa dos 70 anos
da DC3. Nela contém uma
história chamada “Precisa haver um superman?” onde os Guardiões do Universo de
OA, uma raça de alienígenas superpoderosos que cumpre o papel de sistema
judiciário sideral (e também são líderes da tropa dos lanternas verdes),
acreditam que a presença de Superman está tornando os humanos muito acomodados
e usando desse subterfúgio fazem um
implante nele para que ele passe a acreditar que sua presença atrapalha o
desenvolvimento da humanidade e que ficando na Terra ele impede que ela evolua,
aprenda com seus erros e se fortaleça. ~Muito chatiado~ ele começa a se
questionar: “Precisa haver um superman?” E saí pelo mundo em busca de respostas
e tentando contribuir de maneira construtiva para com a humanidade. Após
ponderar sobre o assunto, ele entende que deve sim continuar ajudando seu lar,
mas dará chance para a sociedade aprender com seus erros e se curar, como um
antibiótico que impede que bactérias se proliferem, mas não as mata, permitindo
ao corpo criar imunidade naturalmente.
Por outro lado, em outras histórias vemos que ele não é
infalível; não é onipresente, e não só na kriptonita verde reside toda a
fraqueza do homem de aço (fraqueza física pode ser, emocional não).
Por exemplo: Ele não conseguiu salvar a cidade de Kandor de
ser engarrafada pelo vilão Brainiac (séries Pré-crise nas infinitas terras e
Nova Krypton)
Ele não é infalível, ele é inabalável, o que é diferente.
Quando ele falha, ele se qualifica, aprende com seu erro.
A vida e as experiências dele são na verdade, muito
parecidas com as nossas.
Ele já foi atormentado pelos seus momentos de vergonha, já foi
negligente e não procurou formas de reverter problemas, já deixou deveres pra
depois, já se deprimiu e foi se entocar na Fortaleza da Solidão para poder se
fortalecer e voltar melhor, já sofreu por perder entes queridos, chorou a perda
do seu animal de estimação, etc.
A personalidade dele também não é 100% indefectível.
Ele é tímido.
É complicado traçar um perfil de um personagem clássico dos
quadrinhos porque algumas características deles não são imutáveis e de fato mudam
de acordo com o tempo, o roteirista, o desenhista, etc.. E como estão há mais
ou menos 80 anos sobrevivendo do sucesso
de suas historias, são produtos de mercado como a coca-cola... ou seja: a
essência é a mesma, mas a modernidade implica em mudanças na embalagem, uma
coisinha ou outra na fórmula, etc.
Por exemplo: o Demolidor tinha a roupa amarela, a Mulher Maravilha
já usou saia e o superman era mais “bruto” e agia mais do que pensava.
Em 1940 ele começou a agir mais como detetive e passou a ser
cada vez mais humano, porém, o alter-ego do superman, Clark Kent sempre foi excessivamente
tímido.
Okay, timidez não é o pior dos defeitos.
Batman é cínico e monossilábico e tá na moda amá-lo e
defendê-lo: Ai, ele é assim porque ele é
mais inteligente que os outros e não precisa de superpoderes, Noooossaaaaa como
ele é foda!
Superman (como Clark Kent) é um caipira coitadinho e não
paga de melhor que os outros, todavia, ele É melhor que os outros.
4) Ficcionalmente real
Três exemplos – não-ficcionais- do que o Superman fez pela
humanidade:
1) Na série “grandes astros superman” (All Star Superman- Grant
Morrisson), em uma das cenas ele salva uma menina que iria se jogar do alto de
um prédio4. Algum tempo
depois, foi postado na internet o depoimento de uma mulher que estava com
depressão e queria se matar, mas decidiu não faze-lo por conta dessa história.
No final ela diz: “Agora estou na faculdade, a melhor da
minha classe. Eu tenho amigos. Eu tenho uma vida. E não me importa se ele é um
personagem fictício de quadrinhos. Ele continua tendo salvado minha vida.”
Quem quiser ver na íntegra: http://www.comicbookmovie.com/fansites/VoicesFromKrypton/news/?a=24089
2) Em 1946, existia uma rádio novela do herói e através
desse programa de rádio o Superman ajudou realmente a derrubar a famosa
organização racista Ku Klux Klan.
Houve um arco de 16 episódios em transmissão chamado Clan of
fiery cross (Clan da cruz em chamas) onde no final, o superman toma a KKK,
prende seus membros e conta em rede nacional o que eles faziam.
O que é interessante é que muito do que era contado na rádio
novela eram informações verdadeiras e confidenciais aos membros da KKK.
Tal peripécia foi possível porque o jornalista Stetson
Kennedy havia se infiltrado na KKK e repassava as informações para os produtores
do programa de rádio que usavam esses dados sigilosos para compor o roteiro da
rádio novela.
3) Existe um boato de que a aclamada série Seinfield possui
uma referência do superman em quase todos os episódios.
Todas essas referências, encontram-se no site “seinology”. Algumas
delas são: tem um imã do Super-Homem colado na geladeira visível de todos os
ângulos da cozinha, tem uma estatueta do Super-Homem atrás do som visível da
maioria dos ângulos do apartamento e os personagens frequentemente usam termos
como “Kryptonita”, "Lex Luthor", “Fortaleza da Solidão”, “Os Bizarros”, Jimmy Olsen, Aquaman,
Homem-Elástico, Homem-Plástico, Lois Lane.
Concluindo: ele não é o número um na minha lista de
favoritos, mas na minha opinião, o homem de aço é o maior herói de todos os
tempos e ao contrário do que muito hoje se fala, é O MAIS HUMANO.
Nas palavras de Grant Morrison:
“Somos todos
super-homens em nossas próprias aventuras, temos nossas próprias fortalezas da
solidão para onde nos retiramos, temos nossas próprias coleções de coisas
especiais que valorizamos, nossos próprios super animais de estimação, nossas
próprias cidade engarrafadas que nos sentimos culpados por negligenciar. Temos
os nossos próprios colegas e rivais e Bizarros emaranhados emocionais e amorais
que temos que lidar.”
Ainda bem que eu não usei os adesivos do superman do meu
antigo caderno.
Tô pensando em algo muito loco pra fazer com eles...
Tipo...
Colar!
Em...
Algum lugar...
Enfim, que venha o novo filme do superman!
¹ PRESSFIELD, Steven. Portões de fogo: um romance épico da Batalha das Termópilas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001
² Superman: Red Son
3 Coleção DC 70 anos: As maiores histórias do Superman. 1º volume. Editora Panini Comics. 2008
4
Gostei muito. Traduz boa parte do que eu penso a respeito Superman. É um dos meus heróis preferidos e acho que sempre foi meio injustiçado pelo público em geral. Espero ansioso pelo novo filme. E acho que seria legal você ler Superman: Paz na Terra, uma das melhores obras do personagem, tanto no que diz respeito à arte quanto à roteiro. Humaniza bastante o Superman, além de ter a arte do Alex Ross, que é um show à parte.
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