sábado, 17 de novembro de 2012

Marcianos invadem a terra ♪



“(...) Cuidado com a coisa, coisando por aí. A coisa coisa sempre, também coisa por aqui. (...)”
Renato Russo


Fernando “tudovaleapenaseaalmanãoépequena”Antonio Nogueira Pessoa, geminiano, 1,73, ícone da literatura mundial.
Português, filho de um modesto e culto funcionário público que morreu tuberculoso. Após a morte de seu pai, sua mãe casou de novo com um cônsul e ele foi morar na África do Sul.
Após alguns anos, Fernando voltou da África para Lisboa e foi fazer curso de Letras... mas não chegou a terminar o curso.
Antissocial, triste, sem uma graduação completa e ainda assim um dos melhores escritores que o planeta Terra já viu.
Além das obras que ele assinou a autoria, criou heterônimos (Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caieiro, Bernardo Soares...) e escreveu como se fosse outra pessoa.
Interessante é que ~as pessoas do Fernando~ tinham personalidades diferentes também
Ou seja, ele era tão forever alone, mas tão forever alone ... que criou um RPG pra ele mesmo e jogava sozinho.
Awesome, isn’t it?
Com 47 anos de idade, faleceu de cólica hepática por causa do alcoolismo, em Lisboa, dia 30 de Novembro de 1935.
Talvez seja um pouco tarde pra isso, mas escrevi um versinho para homenageá-lo: “batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão... muita gente só te dá valor depois que está dentro do caixão...”
Ok, a rima pode ser pobre de gramática, mas é rica de coração.
Sobre essa parada de ele ser um poeta de enorme valor e morrer achando que era um loser: Acho injusto.
Mas a vida é real e de viés: santo de casa não faz milagre.
Já é mais difícil pra quem esta perto cogitar a hipótese de que você é “mais do que os olhos podem ver” e se você não faz um “marketing pessoal”, não tem experiência em falar muito bem de si mesmo, ou é um pouco pessimista, pior ainda.
As pessoas tendem a achar especial aquilo que brilha de longe, aquilo que é mais misterioso... aquilo que PARECE especial.
Tambem tem que tomar cuidado com essa história de falar mal da própria pessoa publicamente quando se sente frustado consigo: existe 90% de chance das pessoas acreditarem que você não presta mesmo.
Bem, Fernando não teve diploma, nem muitos amigos, também não constituiu familia ...  talvez os brilhantes poemas dele preenchessem essa lacuna, ou talvez não.
Pena que nem dinheiro ele ganhou com isso.
Mas e se ele tivesse se formado em letras como pretendia e se tornado um bom professor?
Marx desejava ser professor universitário.
Se ele tivesse sido bem sucedido nessa profissão, ele provavelmente não seria lembrado.
Mas esse comunista, filho de uma holandesa de sobrenome “Philips” e de um judeu que abdicou do judaísmo para ser advogado, decidiu ser jornalista de um jornal que criticava o rei Frederico Guilherme e o final da historia todo mundo sabe.
Fascinante, se parar pra pensar.
Talvez a mente brilhante do século seguinte seja um colega meu de faculdade, ou o seu Olivio o guarda do campus.
Não conheci “Fernando”, mas tenho a sorte que conhecer “pessoas” (adoro esse trocadilho Fernando/pessoa) fantásticas em vida e quando tenho oportunidade expresso minha admiração por eles.  
(afinal é melhor falar bem deles agora antes que alguem no futuro o faça, não é?)
Uma dessas “pessoas” é o “Fernando” Nascimento.
Quem estuda na Unioeste campus de Marechal Candido Rondon/PR já deve tê-lo visto em reuniões do DCE e em militâncias da UJS, mas talvez não saiba que ele é um exímio rapper.

Adriele é outro alguém de quem sou fã. Ela é uma dessas pessoas que está tentando fazer desse mundo um lugar melhor para todos ... as suas pesquisas no campo da política educacional, somando as muitas outras que esse país produz, contribuem para a compreensão da realidade da educação e servirão de base para as desejadas mudanças.
Mas mesmo que ela não tivesse feito mestrado, mesmo que ela tivesse que colocar o dedão no carimbo para fazer sua assinatura, ela ainda seria igualmente fantástica.
Por que ela é minha amiga há quase nove anos e durante esse tempo ela vem fazendo do mundo um lugar melhor para mim.
Adriele e eu temos em comum uma outra pessoa talentosa.
Em 2008 conhecemos Lucas no curso de pós-graduação.
Um sujeito muito chato, porém muito legal, que nunca foi apresentador de TV mas usa um bordão: “sou negro, pobre, feio, ando a pé e moro longe”
Não falava durante as aulas e só participava de debates quando era realmente necessário (porém escrevia melhor que a metade da turma).
Enfim, por esses e outros motivos ele é uma pessoa muito exclusiva.
Um item de colecionador que Deus fez.
E o talento dele que eu gostaria de enaltecer aqui é o de poeta.
Mesmo que eu só conheça um poema dele.
É que eu realmente gostei desse poema.
Anos atrás, ele e a irmã dele, que é artista plástica, fizeram uma exposição na biblioteca municipal e foi onde ele expôs este:

Poema Quase de Amor

Não acredito que partiu
E a mim desprezou
Você segue seu destino
Enquanto eu sou esquecido
E procuro uma maneira
De preencher a tua falta,
Porém você se foi
Infelizmente é a verdade,
Eu estou sem saída
Te perdi e agora é tarde
Meu coração em aperto
Procura resposta frente a esse momento,
Como foi isso acontecer?
Sem você,
Não vou a lugar algum,
Tento me aproximar
Você não olha para trás
Realmente estou sozinho
E você só quer seguir o seu caminho
Ainda não consigo acreditar
Porém eu sei,
Virão outras em seu lugar
Mas neste momento,
Era você a quem eu mais queria
Apenas você me traria
Uma abundante alegria
Contudo não percebes que existo
E segues tua jornada
Outros olhares atentos te esperam
Não há como negar
Tu és realmente desejada
Estou na grande espera
De um dia melhorar
Quando isso acontecer
Saudade nenhuma sentirei
Será um tempo de lembrança
Onde ao te ver anunciarei:
 - esta "peguei" muitas vezes
Hoje já não mais,
Lotação Eixo Leste-Oeste
Tempo que ficou pra trás

Pessoas que eu nunca conhecerei como Fernando Pessoa são referenciais para mim.
Sorte a minha que outras pessoas que admiro, eu tive a oportunidade de conhecer.
Sabe, não precisa ser gênio para criar coisas e não é porque não somos famosos que somos figurantes na historia do mundo.
Já dizia (cantava) Renato Russo: ♪ Ora, se você quiser se divertir, invente suas próprias canções.. ♪

Um comentário:

  1. Na minha vida, decorei um poema, que é do Fernando Pessoa, pra aula de Prática de Ensino, e que escolhi "tal" poema porque era tema do meu amor platônico vulgo dreads na faculdade.
    Ai que loser!
    Ainda bem que descorei!

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